quarta-feira, 24 de junho de 2009

Pelo fio da Navalha


Hoje é daqueles dias em que me parece que já vi de tudo! É daqueles dias em que me pergunto se não seria melhor ir para casa, repensar o meu dia enquanto alegremente ligava a TV e me aborrecia novamente ao ver as desgraças no mundo! Revejo-me naquele cenário! Parece que olho para uma fotografia, onde me vejo sentada a olhar o vazio, onde ponho meus olhos tristes em cada canto, onde sigo o movimento com um ar pálido de medo ao olhar a TV! Der repente dou comigo a olhar para uma mesinha de cabeceira, madeira de pinho, verniz e de cor azul, parece ter sido feita por um péssimo decorador, posta ali por engano... é como se os meus olhos penetrassem essa mesma mesa e com um simples piscar (de olhos) a gaveta da mesma se abrisse, saltou-me a vista um objecto metálico, brilhava imenso a luz do sol! Parei por momentos e aproximei-me, abri a gaveta e lá dentro encontrava-se uma faca! Olhei-a de alto a baixo e pensei que seria bom acabar com este sofrimento, encostei-a ao pescoço e depois sem mais em que pensar, tentei trespassa-lo, mas já sem forças decidi que não seria solução, larguei a faca em cima do sofá e dirigi-me para a casa de banho, e chorei, chorei, chorei... (típico de quem se tenta suicidar)... Voltei a chorar e disse: BASTA! Vesti o melhor vestido que tinha (não que tivesse muitos), corri rua fora entrei no café mais próximo, pedi um whisky duplo com duas pedras de gelo (bem ao modo texiano), dei dois goles, tive de parar, tinha a garganta a arder, parecia que tinha bebido tudo de uma virada só, uns tipos da mesa ao lado ao verem-me assim tão desolada aproximaram-se mas depressa se afastaram quando os olhei furiosa (talvez dos enormes borrões de pintura em volta dos olhos ou simplesmente não gostaram da minha cara), levantei-me, compus o vestido e avancei em direcção á porta, esquecia-me de pagar, disfarcei e voltei para deixar uma estúpida moeda de 2€ que me tinha sido dada anteriormente pelo senhor da mercearia! Voltei para casa, sentado no cadeirão, estava o meu marido, quando olhei para ele apercebi-me de que tinha sido uma cobarde, ele tinha feito o que eu n tinha conseguido até então... AVANÇAR! E ali estava ele... sentado no cadeirão, o mesmo cadeirão onde tinha tentado por termo a minha vida, sim... ai estava ele com um ar terno, pacifico, mesmo assim jorrava sangue por todo o lado, tinha uma carta de despedida ao seu lado, manchada de sangue dizia: "Meu amor, decidi dar o passo mais importante da minha vida, aquele que nem todos tem coragem de dar, mas eu, eu avancei! chama-me louco mas mais tarde ou mais cedo acabarás como eu! Até um dia meu amor, ate um dia!". Ao ler isto, fiquei perplexa, queria chorar e rir, queria fugir e ficar, as minhas pernas tremiam e era como se estivessem pregadas ao chão, senti uma invasão de emoções todas ao mesmo tempo, tudo fazia eco na minha cabeça, não tirava de meus olhos aquela horrível imagem com que me tinha deparado um dia! Passados dois meses, DOIS NESES, dei-lhe razão, um dia acabaria como ele, foi nesse mesmo dia em que deixei de lado o medo e embarquei noutra dimensão! Agora sim, sou feliz com ele! Atenção: Isto não e de qualquer forma um apelo ao suicídio, é sim uma forma bastante mais mórbida de ver a realidade!

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